Pesquisa:
A ideia das Rodas de Rima
Saiu de Ricardinho Ratto, do AudioAtivo, grupo de Hip Hop de Niterói, começamos a fazer numa praça em São Francisco, Niterói. Pouco tempo depois já foi se espalhando pra Lapa, Flamengo, Copacabana, Bangu, dentre outras localidades. É muito importante incentivar e levar pra outros lugares, tomando os espaços públicos, dando vida à cultura e metamorfosiando os movimentos, mostrando pra toda sociedade que estamos organizados e armados de conhecimento.
Saiu de Ricardinho Ratto, do AudioAtivo, grupo de Hip Hop de Niterói, começamos a fazer numa praça em São Francisco, Niterói. Pouco tempo depois já foi se espalhando pra Lapa, Flamengo, Copacabana, Bangu, dentre outras localidades. É muito importante incentivar e levar pra outros lugares, tomando os espaços públicos, dando vida à cultura e metamorfosiando os movimentos, mostrando pra toda sociedade que estamos organizados e armados de conhecimento.
Outro fato que serve de estopim é a facilidade de
comunicação com as novas mídias, como Facebooks, Orkuts, Blogs, Sites, mas
nada supera a divulgação de um evento acontecendo continuamente semanalmente,
ele se auto-divulga. É muito importante
o sucesso dessas ações, pois são iniciativas independentes, sem apoio
institucional que produzem cultura de forma gratuita e maciça. A maior forma de
produção cultural é a EDUCAÇÃO e dessa forma aproximamos público de atração,
deixando clara a visão de que são UMA COISA SÓ. Sem contar que desengessa todo um sistema
cultural, totalmente viciado e não produtivo, que pensa no capital como retorno
e dispensa os retornos sociais e educativos que sua iniciativa pode significar.
Investindo na educação e criando formas de remunerar de forma digna e justa os
produtores da iniciativa, acredito ser um excelente caminho para o que chamamos
de revolução.
Evento R.E.P – Ritmo e Poesia no Jacarézinho:
Faltou luz no último REP – Ritmo E Poesia no
Jacarezinho. Constrangimento para os promotores do evento. E do ponto de vista
comercial, fiasco! Imagina ir numa festa em que falta luz? É dinheiro de volta
na certa! E motivo de desculpa por parte dos organizadores:
- “Um comum infortúnio de favela, senhores. Foi por
causa da chuva. Mas já entramos em contato com São Pedro, Santo Expedito, com a
light e com o seu Benedito – do gato! Em breve estará tudo resolvido.”
Mas não foi nada disso que aconteceu! Felizmente o nosso
REP passa longe das exigências comerciais convencionais! Ao invés de clientes,
só amigos conscientes e munidos de sorrisos e boa vontade.
Até as 22h faltou luz, isso é um fato. Mas a noite não
foi uma furada! Bola furada não é o fim da pelada com criança da favela. O som
não tocou. Mas tudo isso ajudou a me tocar que o funcionamento do brinquedo é
um mero detalhe. Vocês não sabem o quanto que a gente aprende com o jogo de
dama com tampa de garrafa pet! Diversão mesmo é inventar a brincadeira. Se não
tem figurinha, o que não falta é idéia pra trocar!
E foi isso mesmo que a gente fez das 20h às 22h no
improviso das velas acesas nos botecos da praça da Concórdia! E eu lá na
neurose de achar que as pessoas podiam não estar se divertindo; de não
estar cumprindo com a expectativa do… cliente! Do cliente que mora dentro da
gente.
Foi quando eu escutei o Johnny, que é rapper, dizer que
recusou aparecer em uma reportagem em uma grande mídia comercial sobre as rodas
de rima que organiza em diversos bairros da cidade do Rio de Janeiro. O que deu
um nó na minha idéia.
ENTREVISTA (assim como eu me lembro) COM JOHNNY, rapper e
ativista social.
- “Então você não quer ser famoso, Johnny”?
Perguntei perplexa e meio incrédula.
-“Quero que mostre o movimento mas não mostre a minha
cara”, disse ele. “Eu já sou famoso. Posso subir em qualquer favela
que já sou conhecido. Tenho o reconhecimento dos colegas. Sucesso é fácil. É só
fazer que nem a Geisy Arruda, ir
pra faculdade sem calcinha e pronto. Mas e daí? Eu quero aparecer sim. Mas na
mídia comunitária. No site da ANF. Aparecer para a comunidade, que é o que me
interessa”.
- “Mas se você virar sucesso na grande mídia vai poder
alcançar um numero muito maior de pessoas.” Argumentei.
-“E você não sabe como eles são? Vão dizer que isso aqui
pode, isso não pode aparecer….”
-- “Mas será que não vale a pena você aceitar cortar
algumas coisas para depois, que já tiver uma moral, que já for bem conhecido,
daí sim poder dizer pra mais gente tudo o que você pensa?”. Perguntei (já
no último suspiro da minha lógica agonizante).
- Mas
aí eu já me vendi. Não existe ex-viado. Pode até ter, mas ninguém acredita nele.
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E nesse momento eu fui iluminada! Não só pela volta da
energia elétrica às 22h que trouxe o som de volta, junto com tudo a gente tinha
esperado que acontecesse (Música, o Freestyle dos Rappers, Poesia…). Fui
iluminada por uma outra perspectiva.
Acho que até hoje eu só tenho jogado o jogo da classe
média. Aquele que depende de certas regras, um objetivo e uma vitória. Um jogo
que depende do reconhecimento dos pais, da mídia, de uma validação de um juiz,
ou de alguma instância fora do jogo… A brincadeira muito séria que eu
estou começando a aprender (mas que na verdade nasci sabendo e desaprendi) com
os artistas e as crianças da favela, não depende de nada de fora dela.
Acontece de dentro para dentro no presente e transforma tudo, até o que
se entende por fora, pelo tempo, e por futuro. Na ausência de uma
definição mais exata da escrita, expresso pela bela gíria inventada pela gente
que já viveu isso: “JÁ É!”






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